Opinião: Reflexão sobre o Enem

Em 2014, quase 16 mil Escolas de todo o país foram às provas objetivas e de redação do Enem totalizando quase 1,3 milhão de estudantes, mas, infelizmente, a presença de Escolas públicas com as melhores médias do Brasil nas provas continua minoritária. A Escola pública com melhor média aparece somente na 22ª posição do ranking: o Instituto Federal do Espírito Santo, em Vitória, colégio técnico que seleciona seus Alunos.

A melhor Escola pública é o Colégio Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que ocupa a nona posição no ranking e é a única pública entre as 20 melhores Escolas do Enem 2014.As outras Escolas públicas que aparecem entre as 100 melhores no Enem são: Colégio Aplicação do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (21º); Instituto Federal do Espírito Santo – IFES Vitória (32º); Colégio Militar de Belo Horizonte (66º); Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (88º); Colégio Militar de Juiz de Fora (92º); Campus I BH – Cefet- MG (94º); Colégio Pedro II – Campus Centro (99º) e Colégio Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (100º). Fato importante a destacar: todas elas são Escolas públicas diferenciadas: técnicas, militares ou ligadas a alguma universidade. As Escolas públicas tradicionais continuam com baixo resutado e isso deve ser objeto de discussões e melhorias.
O ranking nacional por médias novamente é liderado pelas particulares com perfis de Alunos de classe média alta: Objetivo Integrado de SP pelo sexto ano consecutivo tem a maior média dos Alunos com 742,96 pontos; Colégio de Aplicação Farias Brito de Fortaleza com a média de 737,88; Olimpo de Goiânia com 735,02; Christus Colégio Pré-Universitário de Fortaleza com 731,38 ;e Bernoulli Unidade Lourdes de Belo Horizonte com 730,33 pontos. Entre as 20 melhores Escolas com as melhores médias nas provas objetivas (linguagens e códigos, matemática, ciências humanas e ciências da natureza) e que tiveram índice de permanência na Escola superior a 60%, 18 são particulares e duas são federais.
Infelizmente, observa-se cada vez mais que, estrategicamente e visando lucros, muitas grandes Escolas particulares selecionam turma de “Alunos com alto rendimento” com CNPJ diferente formando uma pequena e nova Escola anexa à grande e que compete garantindo as notas altas no Enem e muitos lucros.

Penso que a qualidade do Ensino brasileiro em geral deve ser a meta de todos os exames do Ministério da Educação (MEC) desestimulando qualquer estratégia de manipulação de dados. O ranking 2014 confirma a desqualificação do Ensino público e mostra o aumento das perversas práticas das grandes Escolas particulares de “querer a alta performance” de um pequeno grupo talentoso no topo das médias tão distantes da situação real das Escolas públicas brasileiras. Esse panorama precisa ser repensado e, principalmente, as Escolas públicas precisam melhorar. Continuam os antigos problemas: má formação do Educador, más condições de trabalho; baixo salário e dificuldade de colocar em prática um currículo com foco nas competências e habilidades. De posse dos dados de Prova Brasil, Provinha Brasil, Sistema de Avaliação da Educação básica (Saeb) e Enade, o MEC deveria apresentar também projetos de melhorias.
Penso que os amplos dados dos exames MEC precisam ser mais debatidos e melhorados. Afinal esses exames têm alto custo e visam melhorias de Ensino para todos os Alunos e não para turmas segmentadas de “talentosos” representando um grande colégio particular para fins lucrativos. Enquanto a média nacional é de 517,60 pontos a média das 20 Escolas com pontuação mais alta sobe para 717,60. Considerando a nota da redação a diferença entre as 20 melhores Escolas e a média brasileira é ainda muito maior. Essa desproporção absurda e injusta precisa ser analisada e melhorias promovidas para que os Alunos do Ensino médio de todas as Escolas especialmente públicas de Norte a Sul possam ser beneficiados com o Ensino de qualidade proporcionando também o acesso às universidades públicas brasileiras.

Matéria Publicada em TODOS PELA EDUCAÇÃO no dia 18 de agosto de 2015

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